Uso de imunobiológicos no tratamento da Covid-19: Uma revisão de literatura
International Journal of Development Research
Uso de imunobiológicos no tratamento da Covid-19: Uma revisão de literatura
Received 11th January, 2022; Received in revised form 17th January, 2022; Accepted 20th February, 2022; Published online 30th March, 2022
Copyright © 2022, Laura Muniz de Paula et al. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Introdução: muitos coronavírus são conhecidos por infectar humanos e vários animais. Em geral, 15-30% dos resfriados comuns são causados por coronavírus humanos (HCoVs), incluindo HCoV-229E, HCoV-NL63, HCoV-OC43 e HCoV-HKU1. Não obstante, alguns coronavírus de reservatórios animais podem ser transmitidos a humanos, causando surtos nessa população. A epidemia de SARS-CoV em 2002, iniciada na China, adveio de morcegos e o surto de síndrome respiratória coronavirus do Oriente Médio (MERS-CoV) em 2012 ocorreu a partir de camelos dromedários, embora também provavelmente transmitido por morcegos, no Oriente Médio. Embora a origem do surto de SARS-CoV-2 ainda não tenha sido identificada, foi relatado que o SARS-CoV-2 pode ser transmitido por morcegos, cobras ou pangolins. Ao contrário dos HCoVs, esses vírus zoonóticos infectam humanos e vários animais e causam doenças respiratórias graves, como a síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) e pneumonia. O SARS-CoV-2 é citopático e, assim, induz morte celular. Padrões moleculares associados a patógenos e padrões moleculares associados a danos são, desta forma, liberados e reconhecidos pelas células do sistema imune inato, que ativam o sistema imune adquirido a partir da liberação de IL-12 pela célula apresentadora de antígeno. Isto possibilita a polarização do TCD4+ em uma resposta celular T helper-1, que libera INF-gama, o qual ativa macrófagos e linfócitos TCD8+ e polariza linfócitos B para produção de IgG. Ao fracassar em combater o patógeno, os níveis de citocinas liberadas pelas células do sistema imune (IL-2,IL-6, IL-7, TNF-alfa etc) elevam-se, culminando no quadro conhecido como tempestade de citocinas. Por conseguinte, medicamentos que atuem nesses processos fisiopatológicos são promissores no combate a COVID-19. Objetivo: revisar a literatura sobre o uso de imunobiológicos no tratamento da Covid 19. Metodologia: o presente trabalho é uma revisão de literatura apoiada por uma pesquisa efetuada em setembro de 2021, na PubMed, valendo-se dos seguintes descritores "Treatment" AND "COVID-19". A partir da pesquisa inicial, foram selecionados artigos publicados em 2020 e 2021. Os autores submeteram os artigos elegidos a uma avaliação criteriosa por meio da leitura do resumo, de maneira que aqueles que tangenciam o objetivo deste trabalho foram eliminados. Por fim, dezessete artigos foram designados para fundamentar esta revisão de literatura. Discussão: o remdesivir é um pró-fármaco do análogo da adenosina parental metabolizado em nucleosídeo trifosfato ativo pelo hospedeiro. Como análogo de nucleosídeo, atua como inibidor de RNA polimerase dependente de RNA, de maneira a visar interromper o processo de replicação do genoma viral. De acordo com os resultados publicados no The New England Jornal of Medicine a partir de um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, o remdesivir intravenoso foi superior ao placebo em adultos hospitalizados com Covid-19, constatando redução do tempo de recuperação. Atualmente, o remdesivir é indicado para as formas graves de Covid-19. No esquema A, aparece em monoterapia na posologia de 200 mg endovenoso (EV) como dose de ataque, seguido de 100 mg EV de 24 em 24 horas. O tratamento inicial permanece por cinco dias e é estendido por mais cinco se não ocorrer melhora clínica, exceto nos pacientes submetidos à ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorporal. No esquema B, por sua vez, o remdesivir, seguindo a mesma posologla do esquema A, é associado ao baricitinibe, administrado em 4 mg via oral de 24 em 24 horas por 14 dias. Baricitinibe, por sua vez, é um inibidor da Janus quinase que, tradicionalmente aprovado para o tratamento da artrite reumatólde (AR), foi agora predito independentemente, usando algoritmos de inteligência artificial (Al), para o tratamento da infecção por Covid-19, já que possui atividade anti-citocina proposta e atua como inibidor da propagação viral da célula hospedeira. Essas ações, de atividade anti-citocina e antiviral, foram demonstradas em estudo seriado conduzido por EMBO Molecular Medicine. Usualmente prescrito na dosagem de 4 mg, é eficaz para o bloqueio da entrada do vírus nos pneumócitos e previne a tempestade de citocinas em pacientes com pneumonia por SARS-CoV-2. Tocilizumabe, a terceira classe de medicações aqui elucidada, é um inibidor competitivo da IL-6 que, após análise de oito ensaios clínicos, foi considerado eficaz para pacientes com Covid-19 moderados ou graves. Além de reduzir 13% na mortalidade em 28 dias, o tocilizumabe evolui positivamente o quadro clínico e laboratorial e foi associado a uma duração significativamente mais curta de suporte vasopressor. Lopinavir e ritonavir atuam inibindo a isoenzima CYP3A4 e integram o tratamento do vírus da imunodeficiência humana. Estes fármacos foram inicialmente estudados para compor o tratamento da Covid-19, porém os ensaios evidenciaram que não houve redução na mortalidade nem melhora clínica dos pacientes.Conclusões: no início da pandemia vários medicamentos foram testados quanto a sua capacidade de combater o SARS-CoV-2 muitos destes apesar de um bom desempenho nas fases de teste in vitro não tiveram sua eficácia comprovada nos teste em animais e humanos. Os imunobiológicos são tratamentos promissores para a Covid-19, porém carecem de mais estudos para garantir sua eficácia e sua segurança, bem como determinar o melhor momento para sua implementação.