Uso de imunobiológicos no tratamento da Covid-19: Uma revisão de literatura

International Journal of Development Research

Volume: 
12
Article ID: 
24217
6 pages
Research Article

Uso de imunobiológicos no tratamento da Covid-19: Uma revisão de literatura

Laura Muniz de Paula, Thainá de Sousa Pinto, Andresa Videira Botton, Gustavo Garcia Pacheco and Fauzer Cury Ochsendorf

Abstract: 

Introdução: muitos coronavírus são conhecidos por infectar humanos e vários animais. Em geral, 15-30% dos resfriados comuns são causados por coronavírus humanos (HCoVs), incluindo HCoV-229E, HCoV-NL63, HCoV-OC43 e HCoV-HKU1. Não obstante, alguns coronavírus de reservatórios animais podem ser transmitidos a humanos, causando surtos nessa população. A epidemia de SARS-CoV em 2002, iniciada na China, adveio de morcegos e o surto de síndrome respiratória coronavirus do Oriente Médio (MERS-CoV) em 2012 ocorreu a partir de camelos dromedários, embora também provavelmente transmitido por morcegos, no Oriente Médio. Embora a origem do surto de SARS-CoV-2 ainda não tenha sido identificada, foi relatado que o SARS-CoV-2 pode ser transmitido por morcegos, cobras ou pangolins. Ao contrário dos HCoVs, esses vírus zoonóticos infectam humanos e vários animais e causam doenças respiratórias graves, como a síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) e pneumonia. O SARS-CoV-2 é citopático e, assim, induz morte celular. Padrões moleculares associados a patógenos e padrões moleculares associados a danos são, desta forma, liberados e reconhecidos pelas células do sistema imune inato, que ativam o sistema imune adquirido a partir da liberação de IL-12 pela célula apresentadora de antígeno. Isto possibilita a polarização do TCD4+ em uma resposta celular T helper-1, que libera INF-gama, o qual ativa macrófagos e linfócitos TCD8+ e polariza linfócitos B para produção de IgG. Ao fracassar em combater o patógeno, os níveis de citocinas liberadas pelas células do sistema imune (IL-2,IL-6, IL-7, TNF-alfa etc) elevam-se, culminando no quadro conhecido como tempestade de citocinas. Por conseguinte, medicamentos que atuem nesses processos fisiopatológicos são promissores no combate a COVID-19. Objetivo: revisar a literatura sobre o uso de imunobiológicos no tratamento da Covid 19. Metodologia: o presente trabalho é uma revisão de literatura apoiada por uma pesquisa efetuada em setembro de 2021, na PubMed, valendo-se dos seguintes descritores "Treatment" AND "COVID-19". A partir da pesquisa inicial, foram selecionados artigos publicados em 2020 e 2021. Os autores submeteram os artigos elegidos a uma avaliação criteriosa por meio da leitura do resumo, de maneira que aqueles que tangenciam o objetivo deste trabalho foram eliminados. Por fim, dezessete artigos foram designados para fundamentar esta revisão de literatura. Discussão: o remdesivir é um pró-fármaco do análogo da adenosina parental metabolizado em nucleosídeo trifosfato ativo pelo hospedeiro. Como análogo de nucleosídeo, atua como inibidor de RNA polimerase dependente de RNA, de maneira a visar interromper o processo de replicação do genoma viral. De acordo com os resultados publicados no The New England Jornal of Medicine a partir de um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, o remdesivir intravenoso foi superior ao placebo em adultos hospitalizados com Covid-19, constatando redução do tempo de recuperação. Atualmente, o remdesivir é indicado para as formas graves de Covid-19. No esquema A, aparece em monoterapia na posologia de 200 mg endovenoso (EV) como dose de ataque, seguido de 100 mg EV de 24 em 24 horas. O tratamento inicial permanece por cinco dias e é estendido por mais cinco se não ocorrer melhora clínica, exceto nos pacientes submetidos à ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorporal. No esquema B, por sua vez, o remdesivir, seguindo a mesma posologla do esquema A, é associado ao baricitinibe, administrado em 4 mg via oral de 24 em 24 horas por 14 dias. Baricitinibe, por sua vez, é um inibidor da Janus quinase que, tradicionalmente aprovado para o tratamento da artrite reumatólde (AR), foi agora predito independentemente, usando algoritmos de inteligência artificial (Al), para o tratamento da infecção por Covid-19, já que possui atividade anti-citocina proposta e atua como inibidor da propagação viral da célula hospedeira. Essas ações, de atividade anti-citocina e antiviral, foram demonstradas em estudo seriado conduzido por EMBO Molecular Medicine. Usualmente prescrito na dosagem de 4 mg, é eficaz para o bloqueio da entrada do vírus nos pneumócitos e previne a tempestade de citocinas em pacientes com pneumonia por SARS-CoV-2. Tocilizumabe, a terceira classe de medicações aqui elucidada, é um inibidor competitivo da IL-6 que, após análise de oito ensaios clínicos, foi considerado eficaz para pacientes com Covid-19 moderados ou graves. Além de reduzir 13% na mortalidade em 28 dias, o tocilizumabe evolui positivamente o quadro clínico e laboratorial e foi associado a uma duração significativamente mais curta de suporte vasopressor. Lopinavir e ritonavir atuam inibindo a isoenzima CYP3A4 e integram o tratamento do vírus da imunodeficiência humana. Estes fármacos foram inicialmente estudados para compor o tratamento da Covid-19, porém os ensaios evidenciaram que não houve redução na mortalidade nem melhora clínica dos pacientes.Conclusões: no início da pandemia vários medicamentos foram testados quanto a sua capacidade de combater o SARS-CoV-2 muitos destes apesar de um bom desempenho nas fases de teste in vitro não tiveram sua eficácia comprovada nos teste em animais e humanos. Os imunobiológicos são tratamentos promissores para a Covid-19, porém carecem de mais estudos para garantir sua eficácia e sua segurança, bem como determinar o melhor momento para sua implementação.

DOI: 
https://doi.org/10.37118/ijdr.24217.03.2022
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