Da opressão à luta pela liberdade: uma análise interseccional acerca do conto abolicionista a escrava de maria firmina dos reis
International Journal of Development Research
Da opressão à luta pela liberdade: uma análise interseccional acerca do conto abolicionista a escrava de maria firmina dos reis
Received 18th April, 2021; Received in revised form 27th May, 2021; Accepted 29th June, 2021; Published online 25th July, 2021
Copyright © 2021, Luciana Castilho Bokehi et al. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
O artigo objetiva apresentar uma reflexão acerca da representação do homem negro e da mulher negra no conto A escrava (1887) de Maria Firmina dos Reis (1822-1917), tomando como núcleo a relação entre opressão e luta pela liberdade, bem como as interseccionalidades entre raça, classe e gênero presentes no escrito da autora. Trata-se de um estudo teórico, de natureza qualitativa e exploratória que se utilizou da revisão bibliográfica, sendo esta norteada pelo seguinte problema: como se dá o trajeto representativo do homem negro e da mulher negra a partir do conflito entre opressão e liberdade no conto A escrava? A fim de responder a questão, o artigo seguiu três eixos de interpretação: o primeiro visa contextualizar a publicação da obra de uma mulher negra em um período escravagista e restritivo quanto aos direitos femininos; o segundo pretende examinar a questão da opressão e da liberdade como contrapontos a partir da representação dos personagens negros e o terceiro objetiva trazer para o debate crítico dos estudos interdisciplinares a interpretação interseccional sobre raça, classe e gênero da obra da pensadora maranhense. Por meio da análise, foi possível compreender o contexto e o objetivo da escrita da autora, uma pensadora do período oitocentista escravagista, cujo contexto procura criticar a opressão do negro escravizado, sobretudo, da mulher negra como mero objeto de reprodução, assim como da visão de “inferioridade” naturalizada em razão de um imaginário social construído ao longo do período durante e pós-escravidão.