As narrativas orais e o letramento no registro de um escutador de histórias

International Journal of Development Research

Volume: 
10
Article ID: 
18278
6 pages
Research Article

As narrativas orais e o letramento no registro de um escutador de histórias

Sayonara Cordeiro de Marins Nogueira

Abstract: 

Este artigo analisa as relações entre as narrativas orais e o texto escrito na perspectiva intercultural do letramento a partir do livro São Gonçalo do Mulungu – Cenário de Mitologia, Fé e Compromisso do autor Bertolino Alves Nascimento. Foi considerando os pressupostos cultuais e de letramentos presentes nos relatos dos contadores de histórias e os indícios dessas práticas como provocação ao letramento dos escutadores, que houve apropriação dos discursos de Zumthor (1993/ 1997) refletindo sobre a voz na escrita, bem como de Vancina (1982) com a tradição oral, e também das contribuições de Street (2007) com as perspectivas interculturais sobre letramento. Numa abordagem qualitativa no viés da História Oral (THOMPSON,1992) deu-se conta das ações realizadas pelo autor/escriba do livro a partir de uma entrevista narrativa, e numa análise interpretativa (SEVERINO, 2007) do livro em questão, onde foi situado o texto no contexto da vida e da obra do autor, bem como a participação de figurantes, se valendo apenas da oralidade, onde contam para o autor/escriba histórias sobre a origem da festa (São Gonçalo), com fatos marcantes do ano de 1938 sobre o messianismo (as romarias), as revoltas e insurreições no sertão nordestino. Nesse itinerário percebemos a imbricação da oralidade com a escrita onde as histórias na boca do povo perpassaram para o papel, contribuindo para o empoderamento desse povo, trazendo uma relevante contribuição para além do letramento, visto posto, que a luta de bravos remanescentes da comunidade de Maniçoba, com suas histórias fomentam a cultura local, e devem ser conhecida, reconhecida e admirada. O letramento nesse contexto foi afetado por cidadãos que de maneira autônoma registraram essas histórias através da produção de um livro independente, não recorreram às instituições formais, mas a um cidadão que tinha conhecimento das letras, provocando, assim, uma discussão sobre a imbricação da oralidade com a escrita.

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