A mudança de perspectiva da grande transformação: da nova razão do mundo à ressignificação do trabalho

O Direito, porque se encontra na confluência de todos os outros saberes, há de buscar nas outras ciências sociais e humanas perspectivas transcendentais e construtivas para salvaguardar o Estado democrático de Direito, sobretudo nesses tempos de crises. Embora escrita em 1944, a obra-mestra do economista húngaro Polanyi, além de ser de extrema atualidade, por analisar as tensões disjuntivas do Trabalho, permite pensar uma (res) significação desse conceito enquanto elemento de construção da pessoa. De fato, frente à passividade e ausência de debate em relação às “reformas” e desregulações sociais iniciadas no Brasil em 2017, é imperativo compreender o sistema de submissão niilista do Trabalho à norma totalizante do Mercado a partir desse pensamento inovador, misto de economia, história e antropologia, pois levanta a problemática dos meios, fins e significados da economia, assim como dos seus limites para com a sociedade e a pessoa. Para isso, escorado nas teses de Polanyi sobre o Trabalho e o retorno à “sua normalidade”, esse artigo apresentará a complexidade e os paradoxos inerentes ao contrato de trabalho, explorando para isso a questão da memória, da transmissão e do sentido para o Direito Trabalhista. Finalmente, formular-se-á algumas propostas e respostas sucintas quanto ao tema em tela.