Análise comparativa da cadeia produtiva da piaçava em barcelos-am e na bahia-ba

Este artigo teve como objetivo oferecer uma análise comparativa entre a piaçava da Amazônia e a da Bahia - Attalea funifera Mart, levando-se em consideração o município de Barcelos, maior produtora da região norte e o município de Ilhéus na Bahia, sob o olhar do extrativistas. As duas espécies da fibra são fonte de renda importantes para os extrativistas, que realizam seu manejo tradicional utilizando-se dos conhecimentos tradicionais recebidos pelos seus antepassados. No que se refere a fase da pesquisa que envolveu a piaçava em Barcelos, originou-se da Tese de Doutorado de quem vos escreve, e na segunda fase, buscou-se análise dos dados obtidos quando da visita a alguns piaçavais no estado da Bahia, especificamente em Cairús, onde foi possível identificar as particularidades do manejo da fibra nesse município e as percepções dos extrativistas. Durante as visitas, foi possível identificar o modo de extração das fibras, na floresta na Amazônia ou Mata Atlântica; as diferentes formas de beneficiamento (corte, separação, limpeza e amarrio), e a comercialização das fibras entre os extrativistas e os comerciantes. Foram observados diversos fatores comuns as atividades dos extrativistas nas duas áreas de pesquisa, observando-se dessa forma, o manejo das palmeiras; a sujeição dos regatões na Amazônia, para a aquisição de produtos de alimentação e de necessidades básicas; a inexistência de direitos trabalhistas, dentre outros. A coleta da piaçava na Amazônia é exclusivamente extrativista, onde os trabalhadores passam meses isolados na floresta, enquanto a piaçava na Bahia, além de ter uma boa parte realizada na forma de extrativismo, também é realizada através do plantio da muda já domesticada. E por fim, a fibra da Amazônia, é utilizada em toro de 90% para a indústria de vassouras e similares localizadas em Manaus, e apenas 10% é utilizada para a confecção de artesanato. Conquanto a piaçava da Bahia, é utilizada em boa parte para a indústria de vassouras, esfregões, além da produção e cobertura de quiosques, inclusive para o mercado internacional. Identificou-se também, através da política nacional de produtos da biodiversidade, os valores transferidos para as Entidades representativas dessa atividade. Não temos nessa pesquisa a intenção de sugerir medidas que alterem o modo atual que essas cadeias produtivas funcionam, tendo em vista que, apesar de identificar-se que algumas relações não contribuem para o desenvolvimento de todos os atores, é o sistema que funciona, na visão dos extrativistas entrevistados.