Perfil microbiológico e resistência antimicrobiana em pacientes com pé diabético infectado
International Journal of Development Research
Perfil microbiológico e resistência antimicrobiana em pacientes com pé diabético infectado
Received 20th August, 2021 Received in revised form 10th September, 2021 Accepted 14th October, 2021 Published online 30th November, 2021
Copyright © 2021, Erica Milena Fernandes Rabelo et al. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
As úlceras nos pés de pacientes diabéticos (UPD) associadas à infecção são devastadoras, resultam em amputações, tratamento prolongado e oneroso. A prescrição de antibioticoterapia, geralmente, não se baseia no perfil bacteriológico da microbiota na maioria dos países em desenvolvimento. Realizou-se estudo retrospectivo com o objetivo de verificar a resistência e sensibilidade aos antimicrobianos em pacientes diabéticos com UPD infectadas, atendidos no Ambulatório de Neuropatia e Pé Diabetico (ANPD) da Unidade de Endocrinologia (UENDO) do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) – Polo de Pesquisa - FEPECS, no período de Junho de 2014 a Junho de 2016. A amostra foi composta por 107 pacientes, idade 60,6 anos ± 12 anos, 63,6% do gênero masculino, 92,5% com diabetes tipo 2 (DM2) e duração do diagnóstico de 15,9 ± 8,3 anos. As UPD foram classificadas em neuropáticas (80,4%), neuroisquêmicas (17,8%) e apenas 1,9% isquêmicas; 43% associadas à osteomielite. Trinta e oito pacientes foram submetidos à amputação (34 à amputação menor, quatro à amputação maior), devido à infecção. Infecção monomicrobiana foi observada em 64,5% e o microorganismo mais frequentemente isolado foi Pseudomonas aeruginosa, seguindo-se Proteus mirabilis e Acinetobacter baumann/haem. Análise de perfil de sensibilidade e resistência foi conduzida em 51 culturas de fragmento tecidual: Gram positivos mostraram 70% de resistência a oxacilina, ceftriaxone, clindamicina e eritromicina; enquanto verificou-se 100% de resistência a cefazolina, cefotetam e tetraciclina para os Gram negativos. A associação ciprofloxacino e clindamicina, largamente usada na UENDO-HRT– Polo de Pesquisa - FEPECS para o tratamento de Gram positivos e negativos, resultou em 60% de resistência. No entanto, a seleção dos medicamentos não foi conduzida com base em classificação da gravidade da infecção nem na origem do paciente (comunidade ou instituições relacionadas à saúde). A elevada resistência bacteriana verificada no estudo, demanda a necessidade de padronizar a avaliação etiológica, determinar a gravidade da infecção e revisar a terapia antibiótica atualmente utilizada. Em que pese limitações pelo tamanho da amostra final, os achados de sensibilidade permitem recomendar opções para a terapia oral com amoxicilina-clavulanato (90%) para gram positivos e ciprofloxacino (53,7%) para gram negativos; para tratamento endovenoso, o uso de piperacilina-sulbactam (86%); e a associação de amicacina e meropenem (82%) para infecções grave|estágio 4 (IDSA-PEDIS). Portanto a avaliação do perfil de sensibilidade e resistência da microbiota, em centros de pé diabético, deveria ser a estratégia adotada para prevenir tratamento inadequado, hospitalizações prolongadas e reduzir custos em serviços públicos de países em desenvolvimento, como o Brasil.